terça-feira, 22 de novembro de 2011

Grupo Galpão estreia espetáculo Eclipse


Eclipse é o novo espetáculo do
Grupo Galpão. 
No próximo mês, o Grupo Galpão apresenta o espetáculo “Eclipse", livre adaptação da obra do autor russo Anton Tchékhov, e que também fecha o projeto “Viagem a Tchékhov”, lançado pelo Galpão em 2011. A temporada na capital mineira é de 3 a 18 de dezembro, no Teatro do Galpão Cine Horto, no bairro Horto, na Região Leste da capital. Na última terça-feira (22), o diretor russo Jurij Alschitz, acompanhado do elenco da peça, organizou uma coletiva de imprensa no Teatro Wanda Fernandes para apresentar as novidades do espetáculo e contar detalhes da produção.

“Eclipse” conta a história de cinco pessoas que aguardam o final de um eclipse solar. Enquanto isso discutem sobre existência e condição humana. À medida que a espera se torna longa, a convivência forçada desencadeia uma série de situações absurdas. Durante seis meses, os atores do Galpão passaram “por um longo processo de estudos para conhecer e interpretar a obra de Tchékhov”, contou o diretor Jurij Alschitz. 

Além disso, o diretor explicou, durante a coletiva, que a proposta do espetáculo é mostrar uma “viagem dos próprios atores ao universo de Tchékhov. Não existe uma lógica em ‘Eclipse’. É algo absurdo, mas dramático. A ideia é que os próprios atores sintam isso”.  Ainda de acordo com Jurij, a peça traz uma abordagem filosófica e absurda da vida. “Tchékhov tem muito disso em seus contos. Era impossível não buscar isso no espetáculo”, concluiu.

Durante um ano, o Galpão mergulhou na obra do autor russo e, pela primeira vez, o grupo foi dividido. Em abril deste ano, Antonio Edson, Arildo de Barros, Eduardo Moreira, Fernanda Vianna, Paulo André, Teuda Bara e a atriz convidada Mariana Muniz, participaram da primeira montagem, “Tio Vânia - aos que vierem depois de nós-”, dirigido por Yara de Novaes.

Em “Eclipse”, Chico Pelúcio, Inês Peixoto, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia e Simone Ordones atuam. O ator Chico Pelúcio disse que a peça também representa um desejo mais maduro de todo o grupo. “Montar Tchékhov expressa as aspirações individuais e coletivas do grupo e, ao mesmo tempo, retrata a fase de maturidade do Galpão”, apontou. 

A montagem do espetáculo também conta com a assistente de direção lituana Olga Lapina e do mineiro Diego Bagagal. Segundo Alschitz, esse novo trabalho representa um desafio para todos. “Primeiro para o grupo, que precisou sentir o trabalho de Tchékhov. Em segundo, para mim, que tive de me adaptar às ideias dos atores para que a peça pudesse ser produzida”, concluiu. 

Como nasceu Eclipse

Elenco da peça, o diretor
Jurij Alschitz e a assistente
Olga Lapina
O espetáculo surgiu de um encontro com o diretor e professor russo, residente em Berlim, Alschitz, que, em 2006, veio ao Galpão Cine Horto para ministrar uma oficina. Em 2010, o Grupo voltou a encontrá-lo, no Encontro Mundial de Artes Cênicas (Ecum), quando três atrizes do Galpão participaram de uma oficina. “O convite veio naturalmente. Estávamos empolgados com sua visão de teatro e seu trabalho de treinamento de atores”, falou Pelúcio. Desde o início do processo, Alschitz se propôs a mergulhar no risco de buscar um teatro que Tchékhov, “caso ainda vivo, estaria fazendo”, disse. Segundo o diretor não era possível tentar reproduzir princípios do drama psicológico ou tão pouco beber na “commedia dell’arte”. “Não posso querer trabalhar dessa forma com um grupo que, há 30 anos, possui na sua genética e no seu instinto de atuação o teatro de rua, popular, e que ao mesmo tempo é sempre tão disponível e aberto a pesquisar algo novo. Talvez não reproduzir algo seja o caminho mais longo, mas preserva princípios que podem me trazer elementos potentes para a criação”, disse.


Fotos: Warley Desali / Miguel Aun (Grupo Galpão)

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